terça-feira, 10 de novembro de 2009
Fazal Sheikh
É mais de uma centena de fotografias todas a preto e branco, a maioria em 18x24cm, quase todas de rostos que nos olham de frente. Datam as primeiras de 1992 e foram tiradas no campo de refugiados de Lokichoggio no Quénia, onde viviam 45 mil refugiados somalis. As mais recentes datam de 2009 e são de alguns dos rostos dos 200.000 refugiados nos campos de Ifo, Dagahaley e Hagadera. Todas as fotografias de rostos têm o nome inscrito da pessoa fotografada ou da sua alcunha. Fazal tem vivido parte dos últimos dez anos nos campos de refugiados no Quénia, no Malawi, na Tanzânia e tem trabalhado em colaboração com as organizações humanitárias mais sérias, tendo-se tornado um activista junto destas populações de deslocados. Entende-se muito bem; não se percebe é como continua a comunidade internacional a "debater" um problema de natureza legislativa, ao não considerar como direito a asilo e protecção as mulheres africanas vítimas de agressões e perseguições por se recusarem a cumprir algumas das regras tradicionais mais bárbaras, como a mutilação genital feminina.
Estes rostos interpelam-nos: não sabemos se devemos ficar em silêncio face a tanta dignidade, a tanta generosidade presente em condições tão desumanas, se é inevitável gritar.
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