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sábado, 13 de fevereiro de 2010
Um simples olhar sobre Miro
Centro Cultural Franco Moçambicano (Fevereiro 2010)
A primeira exposição do ano do CCFM é uma retrospectiva do pintor Valdemiro Matsone.
Miro, como é conhecido, faleceu em 2002 e é um dos mais plagiados autores moçambicanos. É impossivel passear por Maputo e não ver réplicas (assinadas!!!) do Miro, à venda, encostadas nos muros da 24 de Julho ou nas mãos dos vendedores ambulantes que tentam assim "exportar" o melhor da arte moçambicana. São os "disciplagiadores" da arte Miriana" como diz Gemuce no catálogo da exposição
Pintura, desenho, aguarelas ocupam toda a galeria e mostram a versatilidade do artista. Em tempo de carência de , de dificuldades em chegar aos materiais certos, a sua compulsividade usou de tudo como suporte para as tantas figuras que agora povoam inumeras coleções privadas..
Gonçalo Mabunda é o curador da exposição e diz que "este é o Miro/simples e verdadeiro/Miro" O seu Miro.
Pode ver mais do autor aqui e aqui
Elisa Santos
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Vladimiro Matsone
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Edinburgh (Energia positiva)
Meio atrapalhado, na estação de comboios, sem saber que direcção tomar, mesmo com uma agenda bem traçada e munido de mapas, preferi seguir o meu instinto e guiar-me pela arquitectura que confrontava a minha sensibilidade. Era ainda muito cedo para visitar os museus e galerias que constavam da minha lista, só o poderia fazer mais tarde.
Era domingo, 15 de Novembro de 2009 e fiquei por ali das 8.45h às 18.15h num clima carregado de nuvem cinzenta e frio de 7 graus. Nunca tinha visitado uma cidade grande em tão curto espaço de tempo.
Uma das vias para se sair da estação é uma rampa que termina numa rua ao cimo de uma pequena colina. Ao fundo da rampa podia-se ver um autocarro turístico com 2 pisos, estacionado na perpendicular. Este elemento atraiu a minha atenção e tornou decisiva a tomada de direcção. Ao chegar ao cimo da rua, no cume da colina, apercebo-me de estar mergulhado num “alto mar” arquitectónico que não escaparia nem à visão de um cego mesmo naquele clima cinzento! Uma sincronização de formas e atitudes arquitectónicas desde o Barroco, passando pela Arte nova e pelo Modernismo.
Uma sensação esquisita provocada pelo frio, pela fome e alguma desorientação, tornava-se mais aguda por isso decidi fazer uma pausa estratégica para um café. Lembrei-me da referência de um Mac Donald ali perto de que me falara o meu amigo Mathew. Levantei a cabeça numa tentativa de adivinhar a direcção da sua localização quando deparei com uma rapariga solitária, de traços asiáticos, ar muito descontraído, caminhando na minha direcção como se fosse oferecer-me serviços de guia turística. Não perdi a ocasião e gentilmente pedi-lhe informação sobre a localização do Mac Donald. A resposta dela foi automática, dizendo que não era de Edinburgh e continuou o seu caminho. Eu também.
Uns passos depois oiço uma voz feminina precipitada atrás de mim dizendo: “Sorry gentlemen, do you mean Mac Donald?” Eu também de forma precipitada, virei-me para ela e respondi que sim. Com um sorriso mais simpático que própria simpatia, ela desculpou-se mil vezes com vénias japonesas, como se tivesse feito algo de muito grave, mas sem medo de punição, pelo facto de não ter percebido logo a minha pergunta, argumentando que o seu inglês era fraco. “No, sorry I think mine is worse” - disse eu. Mas outra vez não me entendeu e com o seu jeito atrapalhado e servil, não me deixou dizer nem mais uma palavra e foi andando, apressada, em direcção a um cruzamento convidando-me a segui-la. Chegados à esquina ela apontou um edifício onde facilmente li “Mac Donald”. Numa tentativa de agradecimento, afinando o meu inglês para o sotaque mais britânico possível, convidei-a para tomar um café. Hesitante e até um pouco embaraçada, aceitou.
Ting Fang Hsueh é uma jovem Taiwanesa, estudante de curadoria em Londres, que estava em Edinburgh numa condição parecida com a minha: com o propósito de visitar museus e galerias. Aquele era o seu 3º e último dia, quando a encontrei dirigia-se à estação para regressar a Londres. Ting Fang Hsueh depois de se aperceber desta coincidência de objectivos e de que afinal pertencíamos a uma mesma “tribo profissional”, decidiu adiar a sua viagem para mais tarde e ser minha guia turística na cidade.
Levou-me ao Fruitmarket Gallery, uma galeria de arte contemporânea que mostrava a exposição “The and of the line - atitudes in drawing” bastante interessante e didádica para quem cultiva o desenho. À National Gallery, como todos museus tradicionais, não fiquei impressionado, quadros e esculturas mediavais dominavam o ambiente expositivo. Ao Castelo de Edinburgh, num tour que foi contornando ruas e avenidas sob o fundo de edifícios e estátuas, cruzando com pessoas de toda parte do Mundo, artistas e mendigos performando, lojas vendendo kilts(veste tradicional escocês) e outros objectos tradicionais, atingimos finalmente o centro folclórico de Edimburgh. Cumprimos com os rituais turísticos (tomadas de poses fotográficas, compra de bilhetes e postais de e um cafezinho. Uma atmosfera bastante exótica invadiu-nos ao penetrar a dentro do castelo. Paredes grossas e escuras, muita gente entrando e saindo, um homem ao fundo trajado de kilt tocando um instrumento típico, um canhão do século 18 preparado para disparar e depois a guia oficial conduziu-nos ao grande salão com tecto alto, muito ornamentado e iluminado contrastando completamente o espaço exterior, onde relatou-nos em 5 minutos a historia de Edimburgh.
Edinburgh é a capital escocesa desde 1492 e é a sede do parlamento escocês, desde 1999. Após a unificação do parlamento da Escócia com o da Inglaterra, Edinburgh perdeu sua importância política mas permaneceu um importante centro económico e cultural. Conta com cerca de 448.624 habitantes e é dominada pelo Castelo de Edinburgh construído sob uma rocha de origem vulcânica o que atrai centenas de
turistas. A Universidade de Edinburgh foi pioneira na informática e gerenciamentos.
A curadora e minha guia na aventura rápida de conhecer Edinburgh em menos de 12 horas, tomou notas sobre tudo e mais alguma coisa das nossas conversas. Partiu no comboio das 17h para Londres. Eu parti as 18.15h para Aberdeen esmagado pelo desejo de continuar naquele sonho de descoberta. Apesar de Edinburgh parecer uma cidade bastante conservadora, está cheia de mistérios, surpresas e muita energia positiva.
“Keep in touch”...
Gemuce
Artista plástico moçambicano em residência em Huntly (Aberdeen share)
Era domingo, 15 de Novembro de 2009 e fiquei por ali das 8.45h às 18.15h num clima carregado de nuvem cinzenta e frio de 7 graus. Nunca tinha visitado uma cidade grande em tão curto espaço de tempo.
Uma das vias para se sair da estação é uma rampa que termina numa rua ao cimo de uma pequena colina. Ao fundo da rampa podia-se ver um autocarro turístico com 2 pisos, estacionado na perpendicular. Este elemento atraiu a minha atenção e tornou decisiva a tomada de direcção. Ao chegar ao cimo da rua, no cume da colina, apercebo-me de estar mergulhado num “alto mar” arquitectónico que não escaparia nem à visão de um cego mesmo naquele clima cinzento! Uma sincronização de formas e atitudes arquitectónicas desde o Barroco, passando pela Arte nova e pelo Modernismo.
Uma sensação esquisita provocada pelo frio, pela fome e alguma desorientação, tornava-se mais aguda por isso decidi fazer uma pausa estratégica para um café. Lembrei-me da referência de um Mac Donald ali perto de que me falara o meu amigo Mathew. Levantei a cabeça numa tentativa de adivinhar a direcção da sua localização quando deparei com uma rapariga solitária, de traços asiáticos, ar muito descontraído, caminhando na minha direcção como se fosse oferecer-me serviços de guia turística. Não perdi a ocasião e gentilmente pedi-lhe informação sobre a localização do Mac Donald. A resposta dela foi automática, dizendo que não era de Edinburgh e continuou o seu caminho. Eu também.
Uns passos depois oiço uma voz feminina precipitada atrás de mim dizendo: “Sorry gentlemen, do you mean Mac Donald?” Eu também de forma precipitada, virei-me para ela e respondi que sim. Com um sorriso mais simpático que própria simpatia, ela desculpou-se mil vezes com vénias japonesas, como se tivesse feito algo de muito grave, mas sem medo de punição, pelo facto de não ter percebido logo a minha pergunta, argumentando que o seu inglês era fraco. “No, sorry I think mine is worse” - disse eu. Mas outra vez não me entendeu e com o seu jeito atrapalhado e servil, não me deixou dizer nem mais uma palavra e foi andando, apressada, em direcção a um cruzamento convidando-me a segui-la. Chegados à esquina ela apontou um edifício onde facilmente li “Mac Donald”. Numa tentativa de agradecimento, afinando o meu inglês para o sotaque mais britânico possível, convidei-a para tomar um café. Hesitante e até um pouco embaraçada, aceitou.
Ting Fang Hsueh é uma jovem Taiwanesa, estudante de curadoria em Londres, que estava em Edinburgh numa condição parecida com a minha: com o propósito de visitar museus e galerias. Aquele era o seu 3º e último dia, quando a encontrei dirigia-se à estação para regressar a Londres. Ting Fang Hsueh depois de se aperceber desta coincidência de objectivos e de que afinal pertencíamos a uma mesma “tribo profissional”, decidiu adiar a sua viagem para mais tarde e ser minha guia turística na cidade.
Levou-me ao Fruitmarket Gallery, uma galeria de arte contemporânea que mostrava a exposição “The and of the line - atitudes in drawing” bastante interessante e didádica para quem cultiva o desenho. À National Gallery, como todos museus tradicionais, não fiquei impressionado, quadros e esculturas mediavais dominavam o ambiente expositivo. Ao Castelo de Edinburgh, num tour que foi contornando ruas e avenidas sob o fundo de edifícios e estátuas, cruzando com pessoas de toda parte do Mundo, artistas e mendigos performando, lojas vendendo kilts(veste tradicional escocês) e outros objectos tradicionais, atingimos finalmente o centro folclórico de Edimburgh. Cumprimos com os rituais turísticos (tomadas de poses fotográficas, compra de bilhetes e postais de e um cafezinho. Uma atmosfera bastante exótica invadiu-nos ao penetrar a dentro do castelo. Paredes grossas e escuras, muita gente entrando e saindo, um homem ao fundo trajado de kilt tocando um instrumento típico, um canhão do século 18 preparado para disparar e depois a guia oficial conduziu-nos ao grande salão com tecto alto, muito ornamentado e iluminado contrastando completamente o espaço exterior, onde relatou-nos em 5 minutos a historia de Edimburgh.
Edinburgh é a capital escocesa desde 1492 e é a sede do parlamento escocês, desde 1999. Após a unificação do parlamento da Escócia com o da Inglaterra, Edinburgh perdeu sua importância política mas permaneceu um importante centro económico e cultural. Conta com cerca de 448.624 habitantes e é dominada pelo Castelo de Edinburgh construído sob uma rocha de origem vulcânica o que atrai centenas de
turistas. A Universidade de Edinburgh foi pioneira na informática e gerenciamentos.
A curadora e minha guia na aventura rápida de conhecer Edinburgh em menos de 12 horas, tomou notas sobre tudo e mais alguma coisa das nossas conversas. Partiu no comboio das 17h para Londres. Eu parti as 18.15h para Aberdeen esmagado pelo desejo de continuar naquele sonho de descoberta. Apesar de Edinburgh parecer uma cidade bastante conservadora, está cheia de mistérios, surpresas e muita energia positiva.
“Keep in touch”...
Gemuce
Artista plástico moçambicano em residência em Huntly (Aberdeen share)
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sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
A Ilha
Uma linha recta. Um traço fino. Divide? Não. Une. O continente e a Ilha.
Azul turquesa líquido. Branco areia fina. Casa de macúti, casa de pedra e cal. A costa, a contra costa, o omnipresente Indico. O hospital, a praça, a casa da flor, o forte, as arcadas. O Arsenal gigantesco, um escudo na fachada.
Mussa Al Mbique. Camões. Xavier. Fatimah. Pedro. Oxi. Nazira. Gabriel. Rino. Felismino.
“Quero ser arquitecto, como o Alexandre que trabalha na UNESCO.” Disse o menino.
Sol aberto. Céu celeste. Luz. Silêncio. Silêncio e luz. Calor. Quase lume. Proteger a pele. Branca. Negra. Quantos quartos tem este pátio? Um véu que desenha os olhos. Descalçar. Voz de chamada. Ouvi um sino. O por do sol. A madrugada. Ventania. Silêncio e ventania. Mesquita verde. Igreja branca.
Deus. Uma linha recta. Um traço fino. Divide? Não. Une.
Elisa Santos
Missionária/Técnica em actividades de desenvolvimento comunitário
Azul turquesa líquido. Branco areia fina. Casa de macúti, casa de pedra e cal. A costa, a contra costa, o omnipresente Indico. O hospital, a praça, a casa da flor, o forte, as arcadas. O Arsenal gigantesco, um escudo na fachada.
Mussa Al Mbique. Camões. Xavier. Fatimah. Pedro. Oxi. Nazira. Gabriel. Rino. Felismino.
“Quero ser arquitecto, como o Alexandre que trabalha na UNESCO.” Disse o menino.
A porta aberta. O contra luz. Um retrato a preto e branco. A mão tapa o sorriso. A máscara de pó branco. Mussiro. O riso. A dança. Cheira a sal. Turista. O barco. As ilhas. Mais praia. Água morna. Missangas. Vidros. Corais. Moedas. Muito antigas. Mais risos.
“Não há cães na ilha. Abateram-se 52 cães vadios.” Passeia um gato.
Sol aberto. Céu celeste. Luz. Silêncio. Silêncio e luz. Calor. Quase lume. Proteger a pele. Branca. Negra. Quantos quartos tem este pátio? Um véu que desenha os olhos. Descalçar. Voz de chamada. Ouvi um sino. O por do sol. A madrugada. Ventania. Silêncio e ventania. Mesquita verde. Igreja branca.
Deus. Uma linha recta. Um traço fino. Divide? Não. Une.
Elisa Santos
Missionária/Técnica em actividades de desenvolvimento comunitário
P.S. A Ilha de Moçambique tem cerca de 3 km de comprimento, 300-400 m de largura e está orientada no sentido nordeste-sudoeste à entrada da Baía de Mossuril na província de Nampula. Foi a primeira capital de Moçambique e desde 1991 é Património da Humanidade. Decorrem obras de reabilitação que contam com o apoio da UNESCO e o Forte de S. Sebastião deverá acolher em breve uma universidade.
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